Trata-se de uma fonte situada à saída de uma mina que servia toda a aldeia, caindo água para um tosco tanque que noutros tempos serviu de lavadouro comunitário público, para a pequena aldeia ali existente e que hoje se chama de Bairro de Nossa Senhora da Conceição, perto dos limites de Leça do Balio com S. Mamede de Infesta. Trata-se de uma lenda típica do tempo dos Mouros (que passaram por Portugal) e nos seus hábitos e feitiçarias. Relata uma vingança de namoro, quando encantaram uma bonita jovem Moura, junto à fonte onde ela gostava de namorar. Como traiu o seu namorado, foi encantada (enfeitiçada) até que um dia o seu príncipe a volte a desencantar. E assim, ainda hoje se chama de, Fonte da Moura e naturalmente continua à espera de ser desencantada.
No dia 5 de Abril de 1895, as chuvas que se vinham a sentir há já muitos dias, foram bem mais fortes e as terras que já estavam embebidas e saturadas de água, nos terrenos menos firmes, provocaram grandes alagamentos. Um bom exemplo é o talude que ligava dois campos próximos da capela de S. Pedro de Real (S. Pedro do Araújo), cerca de 200 metros a baixo, na Quinta que hoje se chama de Quinta do Carvalho Santo, situada na Rua Sousa Prata. Nesse talude, com cerca de três metros, que separa os dois campos situados no topo de baixo, da Rua Dr. Eugénio Pinto Franco e confluem com a linha do metro, existiam vários carvalhos. Como a terra estava saturada, uma porção dela deslizou para o fundo do talude e com ela deslizou também um carvalho já velho que naquele sítio existia, deslocando-se de pé sem cair. Como a terra já estava muito embebida de água e saturada, tinha muita água acumulada e com o deslize das terras, as águas logo se libertaram e começaram ali a sair como se fosse uma bica ou uma fonte. Perante tal coincidência do Carvalho se manter de pé, e logo ao lado ter nascido uma bica/fonte de água, o povo entendeu que este fenómeno da natureza que era um Milagre. Portanto, ao Carvalho, logo lhe chamaram "Carvalho Santo" e às águas consideravam-nas de milagrosas porque até curavam feridas quem com elas se lavasse, até que a passaram a comercializar, vendendo-as em garrafas e outros recipientes às pessoas que nos tempos seguintes ali vinham para ver o local do tão apregoado milagre, que rapidamente se propagou por todo o Norte e Centro do País. Chegando estas águas a preços exorbitantes como escrevem os jornais diários da época e até escrevem que houve muito oportunismo em vender outras águas como sendo desta. Como em tudo, até nisto houve oportunistas e falsários. Quanto ao Carvalho, apesar de se manter de pé, logo no verão seguinte secou e para que não fosse tratado como qualquer outra árvore que morre, dele foi mandado fazer uma imagem de Nossa Senhora dos Remédios, uma vez que com este milagre as águas se tornaram remédio e cura para muitos que acreditaram (a fé é que nos salva). Assim, conjugado o acontecimento do Carvalho se manter de pé e as águas até curarem, só poderia ser um milagre da Nossa Senhora dos Remédios e então encomendaram ao escultor de imagens Celestino Queirós, que do Carvalho (Santo) fizesse uma imagem da Nossa Senhora dos Remédios, em agradecimento aos seus remédios de cura e talvez para que continuassem a usufruir daquela água milagrosa. Hoje em pleno século XXI ainda se comemora o acontecimento com uma festa tipo romaria à Nossa Senhora dos Remédios, no 1° domingo de agosto de cada ano, chamando ainda à festa, festa de Nossa Senhora dos Remédios — Carvalho Santo.
Ora, consta que cerca de 40 anos após a sua morte, ocorrida em 1306, e porque do túmulo saía um odor (cheiro) intenso e bastante agradável, foi a sua sepultura D. Frei Garcia Martins aberta, tendo-se constatado que o corpo do antigo Balio, não só libertava os referidos cheiros, como se encontrava em perfeito estado de conservação, tendo-lhe mesmo crescido a barba, o cabelo e as unhas. Considerado de imediato como o Homem Santo. A ele se referem já em 1758 como «tendo realizado muitos milagres, em sinal dos quais lhe ofereciam os fiéis algumas peças em cera», chegando a haver autênticas romarias de devotos que acorriam constantemente ao seu túmulo para cumprir as suas promessas de fiéis devotos. Um dos milagres mais famosos deste Santo Homem Bem Cheiroso, ficou registado na lenda da Prova do Ferro-Caldo. Segundo esta narrativa popular, acusada de adultério com um Frade do Mosteiro, a mulher de um ferreiro do lugar do Souto (junto ao Mosteiro) foi submetida à prova do ferro-caldo (em brasa) para provar a sua inocência. Esta prova consistia em andar pelo menos oito pés com um ferro em brasa nas mãos, sem poder exclamar um queixume. Submetida à prova, a mulher não só não gemeu, como andou muitos mais metros do que o necessário, não ficando com qualquer marca de queimadura nas suas mãos. Tudo isto porque avançou com o ferro em brasa em direção ao túmulo do seu padrinho, o Homem Bem Cheiroso que era o antigo Balio, D. Frei Garcia Martins, sendo este ato considerado mais um dos milagres deste Frei.